quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Máscara d'água


Enverga a máscara cuja marca lhe conforma a alma.
Por demasiado usá-la, pensa ser aquele que encena.
No palco de um teatro insano, os outros são o tema
de uma peça que teima em cobrir-lhe a face oculta.

Com a cortina sempre aberta
não percebe a encenação bufa.
Até então tudo é verdade e cena.
Esquece-se da máscara, é a persona.

Mas o ato se encerra e a cortina fecha.
No camarim de espelho e lâmpada
não se vê o reflexo escondido.
Desmascarado, tudo fica amorfo e ridículo.

Melhor é pô-la novamente.
O público clama pelo avatar que mente.
Ei-lo, com uma máscara na alma
e na face um espelho d'água turva.


Um comentário:

  1. Certa vez ouvi dizer que estamos sempre encenando. Cada hora um personagem.
    Acredito que esta máscara que você descreveu faça parte destes personagens.
    Continue sempre a escrever, pois estamos ávidos por ler.

    Abraços.
    Sueli

    ResponderExcluir