domingo, 8 de julho de 2012

Letra


A letra é a molécula da língua mole e úmida,
que tanto lambe palavras quentes numa orelha fria
quanto vocifera a ira demente de uma mente em fúria.

Partícula sem sentido.
Elemento que desvela o sentimento,
indizível, não fosse esse amálgama,
invisível, que é a palavra 
na língua de quem ama.

Mas cuidado:
escarlate ou rubra,
marca a vaca e a bruxa;
na sopa ou no livro, 
alimenta e sacia;
faz da palavra a arma
que cala, sela e mata.

Ora, o que tudo isso importa?
Todas as letras cumprem seu destino:
encher páginas e ouvidos
com tudo que é humano e divino.

Juntando-as, faz-se até poesia.



3 comentários:

  1. Conseguiu me fazer e rir e emocionar ao mesmo tempo. Pois hoje, depois do show de Maria Bethania, pude perceber ainda mais nitidamente que você já está brincando com as letras, palavras, poesias.
    Brinca com o que pensa, e com o que sente..
    Digo mais...
    Você brinca de escrever com a sua vida.
    Brinca de escrever a sua vida.
    Melhor:
    Brinda-nos a escrever sobre sua vida!

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    1. Opa, vejo que tenho um amigo que também brinca com as letras e com os sentidos que delas extraímos.
      Obrigado pelo carinho.

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  2. Silvagner,
    Cá estamos nós deleitando de boa leitura.

    "Faz da palavra a arma
    que cala, sela e mata"
    Como diria um professor de filosofia, isso é muito profundo.
    E eu digo mais, a palavra é um perigo. Mata mais que qualquer arma, ou nos acalenta em momentos decisivos.
    Por isso continue a escrever, pois estaremos na expectativa do que nos reserva a próxima sopa de letras.
    Parabens.
    Sueli

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