segunda-feira, 8 de abril de 2013

Metaviagem no autocarro



Livros são cheios de histórias. Apetecem-me tanto as estórias inventadas quanto as histórias (supostamente) verídicas. Por meio delas posso viver outras vidas e, assim, atenuar minha insuficiência existencial. Uma só vida é pouco para “quem quer passar além do Bojador”. Encontro nos livros a alteridade que me dá possibilidades infinitas de ser, pois o que sou é sempre pouco, tacanho, normal. Neles multiplico-me. Por páginas fantasiadas, numa espécie de espelho de letras, posso ver em mim os reflexos de Bentinho, Brás Cubas, Gregor Samsa, Aureliano Buendia, Dom Quixote, Jean Valjean, Macabea... Suas venturas e desventuras mostram-me a vida humana em prisma, cujas facetas, apesar de não as ter vivido, mostram-me cores que minha limitada existência não poderia enxergar. Por páginas documentadas, posso (re)viver épocas inalcançáveis, remotas, nas quais viveram Aristóteles, Júlio César, Da Vinci, Voltaire, Mozart, Darwin, Churchill... Seus horizontes históricos fundem-se ao meu, permitindo a compreensão do mundo em que vivo com mais clareza e menos alienação.

Entremeando minhas leituras de filosofia e direito, tenho lido sobre a história da Europa. Estudar por aqui me impulsiona nesse sentido. Afinal, apesar de não cintilar como outrora – e muitos afirmarem que sua função na nova ordem mundial é de ser apenas o museu do mundo – o legado europeu nos constitui culturalmente. Economia, política, artes, língua, direito, religião... O Velho Mundo não é velho à toa. O eixo pode ter se deslocado, mas o epicentro da vida humana tremeu primeiro por estas bandas. Sentimo-lo forte até hoje, o que reforça meu interesse.

Dia desses estava eu no ônibus, que aqui em Portugal tem o nome de autocarro, em direção à universidade. Continuava a leitura de um livro chamado “Breve História da Europa”, de John Hirst (2012, Editora D. Quixote). O marco inicial: o mundo clássico, Grécia e Roma; o recorte final: a Revolução Francesa. O autor, com a pena leve e bem humorada, expõe seus motivos e os fatos históricos; eu, apreciador desse tipo de escrita, apenas viajei na leitura.

No autocarro, concluía a parte correspondente ao fim da Idade Média. Eu dormira mal a noite anterior. Talvez por conta disso, fui tomado por um sono avassalador que me fez cochilar por não sei quantos minutos. O embalo do coletivo levou-me a uma metaviagem: na viagem de autocarro à universidade, embarquei noutras viagens, a da leitura e a dos sonhos. Nesse lapso passaram-se umas coisas estranhas que, por carência de terapia e psicanálise, compartilho com o anônimo leitor.

Quando as pálpebras pesaram, senti que minha cadeira despegou-se do autocarro e, numa vertigem de montanha russa, via os séculos passarem como segundos diante dos meus olhos. Assim que me estabilizei da tontura temporal, observei que era noite e que havia alguns animais ao redor de um estábulo. Havia também um choro de criança que acabara de nascer. Tudo era muito rústico; uma simplicidade que comovia. Dentro estavam os pais, a mirar o rebento que humanamente choramingava. No céu uma estrela brilhava forte e, conduzidos por ela, logo chegaram três homens com roupas exóticas e luxuosas. Pareciam reis e cada um deles trazia um presente para o menino-Deus. Sim, o delírio havia me conduzido a um rincão inexpressivo do Império Romano, no ano que dividiria nossa história em antes e depois. Comovido diante da cena, lamentei que toda aquela simplicidade, assim como os ensinamentos de perdão, compaixão e amor ao próximo que aquela criança iria vivenciar e ensinar nos seus breves 33 anos de vida, tivessem trilhado um caminho tão (des)humano.

Mas acho que nesse momento, enquanto contemplava a natividade, o autocarro fez uma brusca curva, o que não me acordou, mas me levou ao século IV, quando a religião que os homens fundaram a partir dos ensinamentos daquela divina criança tornou-se a oficial daquele vastíssimo Império Romano. A partir de então, cada vez mais os humanos distanciar-se-iam da sua mensagem de amor. Por coincidência – e não sei explicar por que nem como –, quando meu veículo passou num buraco, pode de ter sido isso, minha viagem saltou para o século XI, no centro da Europa. Em frente a um castelo vi exércitos se formarem para, em nome da oficial religião, marcharem em guerra para o local da bucólica e divinal manjedoura, que há alguns minutos – quer dizer séculos – eu vira nascer aquela criança. Para toda guerra há um inimigo: agora eram os mouros, que haviam tomado a Terra Santa. “Em nome de Deus, partamos para libertá-la”, gritavam os cavaleiros em coro e com raiva nos olhos. Cruzaram a Europa e pelo caminho muito se matou, muito se destruiu e muito se afastou do verdadeiro Cristo, que de amor se transformou em bandeira de guerra. Ao ver os exércitos perfilados, com suas armaduras e lanças medievais, novamente eu lamentava o que a intolerância e outros interesses escusos são capazes de imprimir no espírito humano.

Agora foi uma frenagem do autocarro. Minha cabeça foi à frente e com isso o tempo acelerou novamente. Era o século XVI e avistava agora um mosteiro, em algum lugar da Alemanha. Vi um monge que se angustiava vendo toda aquela história de (má) fé que os humanos haviam desvirtuado. Percebi que ele pacientemente traduzia o livro sagrado de sua religião para a sua própria língua. Deduzi tratar-se de Martinho Lutero. Sua empreitada possibilitou que todos os fiéis de seu país pudessem interpretar diretamente da Bíblia – até então escrita em latim, língua incompreensível para a maioria da população – os ensinamentos da religião cristã, livrando-os da intermediação oficial, e até então necessária, do clero.  Num ligeiro avanço temporal de brevíssimos anos – obra de um leve solavanco provocado pela falta de perícia do motorista na passagem de marcha –, testemunhei também Martinho Lutero afixar suas 95 teses na porta de uma catedral, criticando a forma mundana, de fáceis indulgências, com a qual a igreja se relacionava com seus fiéis. Ele foi excomungado pela Igreja Católica e o mundo nunca mais seria o mesmo. Mexeu em algo que, como dizem, não se deve discutir. Ele não só discutiu como provocou um cisma que sangraria a Europa por séculos, multiplicando religiões que professariam, no âmbito pessoal e político, sua “correta” fé.  

Eu já estava extenuado com tantos solavancos e saltos temporais. Mas o último destino, provocado por outra frenagem brusca – talvez o motorista não tenha visto a senhora que principiava atravessar a rua – levou-me a outra noite, essa trágica e infame. Havia sangue e cadáveres às centenas pelo chão. Todos mortos naquela única noite. Repugnou-me tanto a cena que não identifiquei de imediato que parte da triste e sangrenta história humana eu estava a ver agora. Percebi então que eu estava em Paris, numa noite de 1572, quando se comemorava o dia de São Bartolomeu. O rei da França, que era católico, deflagrou uma guerra civil contra os protestantes, aqueles que seguiram o rompimento de Matinho Lutero com a Igreja Católica. Só naquela noite estima-se que três mil pessoas tenham morrido de forma brutal nas ruas de Paris. No final da guerra, dezenas de milhares. Um genocídio provocado por intolerância religiosa, que eclipsou a razão humana. A instável ligação entre religião e política mostrara suas potencialidades. Há duas explicações para a formação da palavra religião, ambas latinas. A primeira teria origem no vocábulo religare, ou seja, a religião serviria para religar o homem a Deus. A segunda, na palavra latina religio, isto é, respeito, reverência a algo sagrado que para uma religião tem transcendência divina. Na noite de São Bartolomeu, nada se ligou a Deus, não houve respeito à vida nem àquela criança nascida a 25 de dezembro, fundamento da fé de todos os que naquela noite mataram ou morreram.

Quando eu já estava nauseado por ver em toda parte o sangue derramado pela intolerância, senti alguém bater no meu ombro. Uma senhora que sentava ao meu lado percebeu o meu cochilo e me alertou: “Gajo, é o ponto final!”. Desci do autocarro aturdido e perguntando-me por que razão meu delírio lúdico fez parada justamente naqueles pontos. A história da Europa é tão vasta; e eu assim, tão restrito. Freud, ou qualquer psicanalista, certamente teria um diagnóstico para mim. Os sonhos, segundo eles, revelam aspectos aparentemente insondáveis do nosso inconsciente. É preciso buscá-los nas profundezas de nossa alma. Talvez a causa do meu delírio esteja mesmo escondida entre os desfiladeiros e penhascos do meu inconsciente, em nós da minha alma que precisam ainda ser desatados.

Mas para além do meu inconsciente, para fora de mim, dói-me também a realidade. Pode ser que minha metaviagem tenha sido influenciada pela constatação recente de que a intolerância religiosa permanece latente. A intolerância entre “eleitos” e “ungidos” de uma religião para com outras religiões já gerou massacres e guerras santas que, não sei como, revestiram-se e legitimaram-se como “santas”.  Hoje, essa intolerância parece extrapolar a fé particular e dirigir-se novamente ao lugar onde não deve haver religião, o Estado. Isso porque dentro dessa construção humana, que há tempos tornou-se laica, convivem humanos plurais, de diferentes religiões, de diferentes visões de mundo, de diferentes etnias e orientações sexuais; que merecem – e devem – todos eles serem respeitados em suas legítimas e lícitas maneiras de viver a vida. Dói-me ver a intolerância religiosa misturando-se novamente com a política, levantando bandeiras de discriminação, menosprezo e ódio a certas minorias, num regresso que permanece ainda incólume na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. E para isso não há psicanálise que dê jeito. Ela dá jeito, talvez, no seu atual presidente.

Assim, não sei se tudo isso teve origem dentro ou fora de mim. Talvez meu sonho-viagem precise de anos de psicanálise. Quem sabe de intermináveis lutas pela efetivação e respeito aos direitos humanos. Eu, por enquanto, só tenho a preciosa atenção do leitor, que numa metaviagem como a minha, pousaria em outras paragens, em outras latitudes, em outras histórias. O inconsciente é fascinante e assombroso, como são a vida e os livros, com tudo mais que dentro deles cabe.

domingo, 7 de abril de 2013

Separados, mas iguais



“... mas que beleza, em fevereiro, tem carnaval”, anuncia a música de Jorge Ben Jor. O mês é oportuno para tecer divagações sobre esse hiato moral que anualmente vem manchar de carmim nossos católicos fevereiros. Não faltariam assuntos para uma boa crônica. Nesses quatro dias em que “pode-se tudo”, pelo menos para aqueles que se lançam despudoradamente à folia, vê-se muitas coisas inusitadas na extensão deste “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”.

Basta o sol desaparecer no horizonte da já carnavalesca sexta-feira para se constatar que “alguma coisa está fora da ordem”: o homem que se traveste de mulher sem por isso ser achincalhado; a bebida consumida como se não houvesse amanhã; o som alto que não respeita o sossego alheio; a rua que cede lugar aos blocos carnavalescos, aos carros de som e aos trios elétricos; o lixo que se acumula inerte no espaço público; o cheiro de urina derramada nos cantos de rua e que não respeita o olfato civilizado; a alegria excepcional e quase impositiva que escarnece da tristeza ordinária; o caos com data para acabar. Tudo renderia ótimas crônicas na pena de Machado de Assis ou de Rubem Braga. Eles tiveram os seus carnavais. Escreveram magistralmente sobre eles; mas os de hoje, pela magnitude e permissividade da folia, dar-lhes-iam inspiração infinita.

Contudo, não é sobre o carnaval que consumirei o tempo do caro leitor. Além de não dispor do talento daqueles mestres, neste fevereiro algo assombrou-me mais que as extravagâncias e “anormalidades” carnavalescas. Não foi coisa que a folia anual impunemente permitisse. Consternei-me com a manifestação de um mal que há milênios ronda sub-repticiamente o desejo civilizatório da humanidade.

Desde quando juntamo-nos para viver em sociedade – e isso já faz mais de dez mil anos –, convivemos com esse perigo rasteiro, iminente. Basta que uns (seres humanos) considerem-se diferentes dos demais, passando a usar essa diferença para arbitrariamente segregar e humilhar algum grupo de pessoas, para que a víbora da discriminação soerga-se das profundezas da alma humana, consumindo-nos na vileza de seu veneno. Volta e meia ela chacoalha a sua calda e dá o bote. Sua picada faz adoecer uma sociedade. A discriminação e o preconceito são males crônicos cuja cura muita vez necessitou do sangue dos afetados, derramado em praça pública para restituir o “simples” desejo de ser tratado como igual. Mas a serpente é resistente, mutável, sedutora. Volta a atacar quando uns teimam em querer ser mais iguais que outros.

Seu veneno manifestou-se desta vez em Muniz Freire, uma cidade com cerca de 20 mil habitantes no sul do Espírito Santo. O fato parece singelo, mas reflete séculos de História. Era uma quinta-feira após o carnaval, época em que, conforme já se tornou clichê, o ano começa no Brasil. Também começaram as aulas na escola de ensino fundamental daquele município. As crianças reuniram-se em alvoroço para saber em que turmas seriam agrupadas. O pequeno Pedro, de oito anos, ficou feliz ao saber que todos os seus coleguinhas do bairro – o mais pobre do município – haviam ficado na mesma turma. Achou aquilo incrível. A escola de fato era um lugar de muita sabedoria. Sabiam até que o Felipe, o Diego e o João, amigos do Pedrinho, deveriam ficar na mesma classe, pois amizade é algo que não se separa.

Mas a inocência de Pedrinho esconde a face vil de outros propósitos. A serpente armava-se para dar o bote. Em deliberação no Conselho Municipal de Educação, do qual participam alguns pais dos alunos, ficara acordado que as turmas seriam divididas de acordo com critérios sócio-econômicos, ou seja, os filhos dos mais abastados e influentes do município ficariam separados daqueles meninos do bairro do Pedrinho. “Nada contra aqueles garotos” – pensou mentalmente um dos pais em assembléia; “são até parecidos com nossos filhos”, completou o pensamento –, mas eles não têm a mesma estirpe do João Guilherme. Seu pai jura que ele será médico e, para isso, necessita de uma formação “diferenciada”. Aqueles garotos do bairro do Pedrinho, por não pertencerem a esse futuro restrito, só atrapalhariam. Assim também pensaram os pais da Isabel (9 anos), da Carolina (7) e do Fernando (10); duas promissoras advogadas e um vocacionado engenheiro.

Não julguemos as intenções dos pais envolvidos. É natural querer o bem dos filhos, que mesmo criminosos confessos serão sempre para os pais os réus injustiçados. Mas se trata de uma escola pública. Há funcionários públicos que ratificaram a decisão do conselho. E isso é manifestamente intolerável nesta quadra da História, que já possui páginas suficientes para o aprendizado do que significa a igualdade.

Notável parte desse aprendizado vem dos Estados Unidos. Após a aprovação da emenda à constituição norte-americana, que aboliu a escravatura em 1863, sucedeu um longo período em que a sociedade da época continuava ainda envenenada pela ofídica discriminação racial. Apesar dos esforços do presidente Abraham Lincoln para por fim à escravidão nos EUA – ótima oportunidade de reviver esse importante episódio está no filme “Lincoln”, de Steven Spielberg, que concorre ao Oscar de melhor filme deste ano –, a discriminação racial não cedeu sua marcha. Apenas se metamorfoseou. Os negros, de declaradamente diferentes da raça humana, passaram a “separados, mas iguais”.

Surgiram então escolas, vagões de trem, bebedouros e outros espaços públicos exclusivos para os negros. Os serviços eram oferecidos, de forma separada, a todas as pessoas, termo que nesse momento já incluía os negros. Estes não deveriam mais se queixar, pois os serviços, apesar de separados, eram “iguais”. Essa forma de conceber a igualdade não tardou reverberar em protestos e disputas jurídicas. Emblemático foi o episódio ocorrido em 1957, na pequena cidade de Little Rock, no sul dos EUA, quando um grupo de nove alunos negros necessitou de escolta policial para frequentar uma escola até então exclusiva para brancos.

A Suprema Corte decidira pela inconstitucionalidade das medidas de segregação racial, entendendo que tratar os negros de forma separada, mas igual, infringia o princípio da igualdade. As autoridades escolares iniciaram, numa espécie de projeto experimental, uma política de integração racial, decidindo pela inclusão dos nove alunos negros na escola de Little Rock. Ocorre que as autoridades desconsideraram a constatação do físico Albert Einstein: “É mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito”. Foi necessária a intervenção de centenas de policiais e integrantes do Exército para quebrar o preconceito em Little Rock. Diante de uma turba, composta em sua maioria por enfurecidos pais e mães dos alunos brancos, os jovens negros foram impedidos de adentrar a escola. Após alguns dias de protestos, e com escolta policial, os alunos negros entraram para as salas de aula. Na porta de cada sala, permanecia um policial para evitar as agressões. Entretanto, nada os protegia dos insultos e humilhações por parte dos alunos brancos, cruelmente educados para não aceitar o diferente. Little Rock foi um marco na luta do movimento pelos direitos civis dos negros nos EUA, que se radicalizou na década de 1960, quando Martin Luther King capitaneou o movimento. Parece incrível, em tão pouco tempo, o sonho desse líder, proclamado em um discurso antológico (“I have a dream...”), ter se materializado naquele país, cujo primeiro presidente negro acaba de se reeleger.

Little Rock e Muniz Freire são cidades distantes no mapa. Todavia, o que importa é a distância temporal que nos separa do episódio acima descrito. Nesse período, a humanidade aperfeiçoou um soro antiofídico capaz de curar as picadas da serpente que nos ronda, envenenando-nos com o desejo de discriminar o semelhante. Deram-lhe o nome de direitos humanos. Alguns zombam deles, dizendo que se trata de mero placebo. Outros vociferam que é preferível “matar a cobra e mostrar o pau”. Mas o que, de imediato, curou Muniz Freire da lamentável discriminação social na escola foram eles: os frequentemente desdenhados direitos humanos. Sem o uso de força policial, sem matar a cobra nem mostrar o pau – como foi necessário nos tempos de Little Rock –, a medida foi revertida por determinação do Ministério Público Estadual e os alunos foram reagrupados, agora pelo isento critério da ordem alfabética. Pedrinho e seus amigos do bairro pobre de Muniz Freire foram separados, mas agora eles são iguais.

Os direitos humanos afugentaram de Muniz Freire a rastejante e sorrateira discriminação social. Mas ela continua solta por aí, à espreita, prestes a picar novos tornozelos de mentes fracas e alheias à nossa herança jurídica e civilizacional. Quem testemunhar o bote, denuncie. O soro contra o seu persistente veneno está guardado lá na Constituição Federal. Basta aplicá-lo de imediato. Evita barbáries, dispensa mártires e cura males que adoecem a igualdade, a liberdade e a fraternidade; a tríade francesa que há duzentos anos mostra-nos o caminho – cercado de cobras e outros perigos – para a convivência civilizada de humanos livres e iguais.