Pelejo com algo que não vejo.
Ao procurá-lo, em busca do sentimento,
revolvo o chão de onde, suponho, penso.
Mas pensar de nada vale
quando o que em mim cabe
é tanto frágil, intáctil e efêmero.
Tanto esforço faz-me inquieto e atento,
àquilo que eu fora antes de por em marcha o pensamento.
Mas incrustado em grossas crostas de sonhos indizíveis,
permaneço ausente, incompleto e demente.
Com pinça e bisturi
perscruto a filigrana
perscruto a filigrana
do lugar onde um dia existi,
sem culpa, pecado e tormento.
Ora, quem há de ser capaz
de pensar o que sente?
Só aquele que desmente
tudo que é diáfano, humano e fugaz.
Quando sinto, é em desterro.
Longe de mim, lá onde esqueço,
lá onde está o pensamento, ao avesso.
Pelejo com algo que não vejo.
Caminho de Santiago - Maio/2012
As vezes Silvagner, se entendi a mensagem, esta peleja incomoda e dá medo, exatamente por não ser palpável. Mas isso, é sinal de vida e busca do conhecimento. Então é isso! A gente pensa. Você pensa e escreve; e muito bem. Abraços.
ResponderExcluirSueli
Pelo que minhas experiências de vida me fizeram perceber, esta peleja é eterna, amigo, e ela se chama VIDA! Adorei seu poema... Abraços procê! Georgina Ramalho.
ResponderExcluir"Adorei" é pouco para dizer. Talvez porque tenha me identificado um tanto durante a leitura, e das coisas mais bonitas que vejo na poesia, é justamente isso: a gente poder, através do que o outro quer dizer, encontrar ou reconhecer uma parte de nós mesmos.
ResponderExcluirBeijo, querido! Bom te rever nos shows da Madonna da vida :)